A segurança do trabalhador é um tema debatido a exaustão, por diversos cantos do país. Para a infelicidade dos que trabalham e arriscam suas vidas, diariamente, em obras e canteiros mal preparados, por todo o Brasil, isso só acontece porque acidentes continuam ocorrendo, vitimando um número cada vez maior de operários e municiando esse debate, que só surge quando sua entrada é conveniente à quem com ele tem a lucrar.
O último caso (e bola da vez) de acidente ocorrido em obras, e que, mais uma vez, fez uma vítima fatal, se deu nos canteiros de construção da arena do Corinthians, para a Copa do Mundo, que se realizará – com abertura no fatídico estádio – em junho próximo.
Na manhã do último sábado, dia 29 de março, o jovem Fábio Hamilton da Cruz, de 23 anos, trabalhava na construção de uma arquibancada provisória, localiza em setor ao sul do estádio, quando caiu de uma altura de cerca de 9 metros. Socorrido no local, Fábio, contudo, morreu no Hospital Santa Marcelina. Com sua morte, somam-se quatro, o número de acidentes fatais, na construção da nova “arena”. Com mais duas vítimas em estádios de Manaus, e uma, em Brasília, a Copa do Mundo no Brasil já se credencia como uma das com mais acidentes em obras, da história das Copas modernas.
As questões que o ocorrido levantam, contudo, não possuem nada de moderno. Falta de equipamentos, de treinamento adequado, de segurança e, por fim, ocultação de fatos, deixam o ar do desastre mais incerto, do que já seria, naturalmente.
Logo após o acidente, companheiros de trabalho, bem como, familiares de Fábio vieram a público destacar que o operário não possuía treinamento adequado, que o habilitasse para o trabalho fora do solo (como o que gerou o acidente) e que isso só se deu porque a responsável pela obra (empresa Fast), havia oferecido uma gratificação, no valor de R$3,000, a ser dividida entre os operários, caso o trabalho fosse concluído mais rapidamente. Eles também salientaram que Fábio estava desprovido de equipamentos para conforto e proteção, durante o trabalho, o que explicaria, em partes, o acidente.
Em nota, a empresa desmentiu as alegações e reiterou que o funcionário era treinado e tinha todos os equipamentos de segurança, à sua disposição.
O assunto foi tratado como acidente de trabalho, pela Defesa Civil.